Ao longo das rotas de peregrinação foram construídos castelos, igrejas, ermidas, pontes, muralhas, mosteiros e até cidades inteiras. Tudo rodeado por bosques vicejantes, paisagens rurais bucólicas e montanhas imponentes.
Muita coisa mudou no modelo dos peregrinos desde o Rei Alfonso II, o casto, considerado o primeiro peregrino oficial, o Caminho de Santiago foi originalmente feito a pé pelos devotos, nós vamos percorrer o caminho com bikes assistidas.
É uma rota deslumbrante e impressionante, uma jornada de fé e esperança.
Tiago, filho de Zebedeu, foi um dos 12 apóstolos de Jesus. Nasceu em Betsaida, era pescador, juntamente com outros dois irmãos, também pescadores, Pedro e André, foram os primeiros convocados por Cristo para que o seguissem, testemunhando suas palavras e ações.
Após a ressurreição de Jesus, os apóstolos, seguindo a orientação, que o Senhor lhes transmitiu na terceira aparição, saíram da Judéia para espalhar suas palavras pelo mundo: “(…) sereis minhas testemunhas em Jerusalém, em toda a Judéia e a Samaria e até os confins da terra.” (At 1,8)
Tiago, resolveu atender a essa determinação ao pé da letra e foi pregar o Evangelho no extremo oeste da Europa, a península Ibérica, região hoje conhecida como Galícia, parte do noroeste da Espanha.
Após alguns anos de pregação, decidiu que era hora de voltar à Palestina a fim de contar o que tinha conseguido e trazer mais evangelizadores à Hispânia. O retorno foi bastante acidentado e, finalmente, aportou em Jafa e seguiu para Jerusalém.
Nessa época, por volta do ano 44 d.c., os judeus eram regidos por Herodes Agrippa, que levou as perseguições aos cristãos e em um curto período de pregação, Tiago foi preso e sentenciado à morte por decapitação.
Cumprida a sentença, os seus irmãos de fé conseguiram recolher o seu corpo, que foi embalsamado e transportado de volta à Hispânia. Uma vez de volta à Galícia, Tiago foi sepultado em um bosque conhecido como Libredón.
Quase oitocentos anos depois, por volta de 830 d.c., o eremita Pelayo, acreditou ter visto à noite muitas luzes, uma verdadeira chuva de estrelas, indicando um bosque ermo. Alertado, o Bispo Teodomiro, empreendeu viagem ao local, mandou limpar o bosque e encontrou uma tumba revestida de mármore. Por inscrições na mesma, concluiu ser o túmulo do apóstolo Tiago.
A notícia foi rapidamente levada ao rei Alfonso II de Astúrias, que viajou desde a sede de seu reino em Oviedo, para conferir a descoberta. Confirmando o achado, mandou construir uma capela, tornando-se o primeiro peregrino oficial a visitar o local.
Esse evento marcou o nascimento oficial de um dos mais importantes centros de peregrinação cristã.
Ao longo dos séculos, um povoado começa a se construir e, anos mais tarde, em 1073, começa a construção do terceiro templo consecutivo na tumba do apóstolo, sob o mandato do Bispo Peláez, a grande catedral românica que conhecemos hoje. Segundo documentos da época era para ser um “magnífico templo de peregrinação românica”.
O povoado se torna a cidade que leva o nome de Santiago do Campo das Estrelas. Campo das Estrelas = Campus Stellae (em latim) = Compostela.
O Caminho de Santiago, porém, não acaba por aí. O viajante tem a opção de seguir andando e chegar a um dos pontos mais ocidentais do continente europeu: o Cabo Finisterre. No local, de frente para o Oceano Atlântico, e à sombra de um antigo farol, os peregrinos queimam suas roupas para, de acordo com a especialista Katia Esteves, “simbolizar o despojamento dos antigos hábitos e o início de uma nova vida”. Um belo final para a mais transcendental das jornadas.
No ano de 1993 A UNESCO declarou o Caminho Francês como Patrimônio Mundial. Hoje, o Caminho de Santiago é uma das grandes rotas de peregrinação. Embora existam várias motivações para tornar o Caminho de Santiago religioso e turístico, pode-se afirmar que se tornou um grande motor cultural e econômico da região do norte da Espanha.
Pamplona, Espanha
700km divididos em 10 dias de pedal e 02 dias de descanso
Valores de referência, por pessoa, em EURO TURISMO DE VENDA e devem ser pagos em Reais, convertido pela cotação da moeda (http://www.valor.com.br – site oficial ) na data do pagamento, acrescido do IOF de 5.38% (valores em reais no site é somente uma simulação)
Essa é a data limite para voo Brasil/Madri, desde que dê tempo de pegar o traslado para Pamplona no dia seguinte.
Traslado direto para Saint Jean, o início do caminho, pegar passaporte do peregrino, jantar e pernoite.
Encontro na cidade de Pamplona/ES até as 18h00, briefing as 19h, pernoite (incluso).
Ganho de Elevação: 900m
Ganho de Elevação: 900m
Ganho de Elevação: 700m
Dia livre para City tour Opcional
Sugestão: Visita ao Castelo de Burgos – Ruínas de castelo medieval com rede de túneis e vista panorâmica para Burgos e à Catedral de Burgos – Extensa estrutura gótica com claustros repletos de estruturas, túmulo de El Cid, obras de arte e antiguidades sacras.
Ganho de Elevação: 367m
Ganho de Elevação: 530m
Ganho de Elevação: 850m
Dia livre para City tour Opcional
Sugestão: Visita ao Castelo de Ponferrada – Fortaleza extensa, ocupada pelos Templários na Idade Média, com biblioteca de livros raros.
Ganho de Elevação: 1000m
Ganho de Elevação: 740m
Ganho de Elevação: 790m
Ganho de Elevação: 345m
Evento encerrado! Hora de escolher entre os passeios opcionais pela Europa ou retornar para o Brasil.
*Passeios não incluso no pacote
A Festa de San Firmín, corrida de touros acontece pelo centro histórico da cidade basca, Pamplona, de 6 a 14 de julho, porém, percorrer o Caminho de Santiago nessa época não é o ideal, por conta do calor absurdo e das multidões. Mas o ano todo as ruas estreitas de pedra estão cheias de vida, principalmente depois da siesta, entre 14h e 17h. O Museo de Navarra abriga vasta coleção de Goya e mosaicos romanos em um antigo hospital de peregrinos de 1556. A Catedral de Santa Maria de Pamplona vale por seu claustro e o interior gótico, mas não pela fachada insossa. É a primeira cidade onde dá vontade de passar um dia de folga.
Não bastasse ostentar e preservar desde o século 11 a famosa ponte de pedras de 110 metros de extensão com sete arcos, a cidade homônima ainda abriga outra joia. Ali pertinho – dá para ir andando, mas vale se poupar indo de táxi –, a igreja octogonal de Santa Maria Eunate, erguida em estilo românico no século 12, é a primeira evidência dos poderes energéticos do Caminho.
Logo pela manhã, ao sair de Estella, você chega em 40 minutos até as Bodegas Irache. Diante da fábrica de vinho, uma experiência inusitada: uma torneira de onde jorra vinho tinto à vontade para os peregrinos. Além de beber vinho “da fonte”, quando chegar em Azqueta, pergunte por Pablo Saenz, ou melhor, Pablito. Há décadas ele presenteia peregrinos com conchas de vieira e cajados que ele mesmo entalha. Um baita personagem, tradução do espírito peregrino.
Depois de Pamplona, surge outra “cidade grande” – são 155 mil habitantes –, mas com espírito intimista e acolhedor. As ruas com arcadas, a catedral dominante na paisagem e a Calle del Laurel fazem a parada valer muito a pena. A estreita ruazinha com bares é o palco principal da vida boêmia, servindo ótimos vinhos e os famosos pintos (petiscos típicos do norte da Espanha), tapas ou canapés montadinhos. Entre os mais cobiçados estão o Bar Calderas e a Taberna del Tío Blas. Cuidado só para não exagerar na dose porque no dia seguinte você terá 29 quilômetros de caminhada lhe esperando até Nájera.
Se a torneira de vinho não o tiver satisfeito – a qualidade do vinho, convenhamos, é ruim e você terá passado por lá logo cedo –, você pode aproveitar que está na famosa região vinícola de La Rioja para provar bons fermentados de uva. Ou melhor, excelentes. Um bom dia para um desvio e/ou descanso. De Santo Domingo de la Calzada até a vinícola Predicador, por exemplo, um táxi custa € 30. Ali você pode fazer uma linda visita com degustação.
É mais do que a majestosa catedral do século 11 com suas torres de 84 metros. Também vai além da lenda do filho pródigo da cidade, o folclórico cavaleiro El Cid. Não se restringe às vielas e aos bares aconchegantes. Burgos é tudo isso e mais. Universitária, tem vida por todos os lados contrastando com as construções de pedra que remontam ao século 9º. Em meados de outubro ainda ocorre o Fim de Semana Cideano, festa medieval com centenas de pessoas vestidas com roupas de época, feirinha gastronômica e encenações de batalhas. Você deve chegar por lá no 5º dia e certamente terá vontade de passar mais de um dia por ali.
Um conjunto de joias arquitetônicas existe na cidade: as igrejas de San Tirso (sec XII) e San Lorenzo (sec XIII) ambas de estilo românico-mudéjar; as de estilo neoclássico – La Trinidad (sec XVI) e de San Juan de Sahagún (sec XVII), junto com o santuário de la Virgen Peregrina (antigo convento franciscano ) e o museu das Madres Beneditinas, formam um mosaico de rara beleza.
Seria exagero dizer que a cidade é memorável, mas é digna de nota por marcar a metade do Caminho Francês. Uma foto diante do monumento simbólico dos 400 quilômetros dá mais ânimo para seguir.
É possível confundir León com Burgos, mas esta cidade de Castilha tem um charme próprio bem mais intimista. Claro, a catedral impressiona e vale assistir ao show de luzes diário – ah, os vitrais são inesquecíveis, formando um caleidoscópio colorido dentro da nave principal. A missa do peregrino ocorre diária e pontualmente às 19h30 na Basílica de San Isidoro, cerimônia marcante para católicos ou não. Perca-se pelas ruelas curvas do Bairro Húmero até encontrar a Plaza Mayor, com arcadas centenárias, bares e restaurantes. Na Plaza San Martín, há alguns bares mais descolados. Mas a favorita é a Plaza Santa María del Camino, com uma figueira centenária diante do lindíssimo Monastério das Freiras Beneditinas.
No século I, a cidade era cercada por uma grande muralha, parte da qual ainda é hoje visível. No século III, Astorga tornou-se sede episcopal. Atualmente o fantástico palácio episcopal, projetado pelo arquiteto catalão Antonio Gaudí, o Palácio Episcopal se destaca mais do que a catedral da cidade. Amigo pessoal do bispo, Gaudí topou o desafio e fez ali um trabalho neogótico meticuloso. Todo erguido em granito branco, contrasta com os tons escuros da muralha romana e da catedral. Hoje abriga o Museu dos Caminhos e é um monumento que vale a ser visto. Nota importante: muita gente, com pouco tempo para percorrer o Caminho de Santiago, começa por aqui.
Um pouco antes de chegar a Rabanal um carvalho centenário, à direita do Caminho convidará o peregrino a um justo descanso debaixo de sua sombra.
Imperdível é participar da oração das vésperas e da benção aos peregrinos, todas as noites, às 19h, onde os monges beneditinos fazem apresentações de canto gregoriano na Igreja de Santa Maria. Pequenina, a capela do século 12 concentra uma energia espetacular. Às 21h, uma missa abençoa as pedras que serão depositadas na Cruz de Ferro no dia seguinte.
Reza uma antiga lenda do Caminho que cabe ao peregrino/bicigrino carregar na mochila uma pedra desde sua cidade até este ponto, onde está a Cruz de Ferro, réplica da cruz original, instalada ali em 1998, um dos pontos culminantes do Caminho (1.439 m.). Via de regra, cada um cumpre um ritual, depositando a pedra na base da cruz para invocar proteção na sua peregrinação, fazendo pedidos, e para “deixar seus pecados/defeitos”. É voz corrente que uma outra cruz mais primitiva foi instalada sobre um altar romano dedicado ao Deus Mercúrio (Deus de todos os Caminhos) pelo mesmo ermitão Gaucelmo.
Ponferrada é uma cidade peculiar, se mesclam o sossego, a história, a tradições, as paisagens, e a gastronomia. É uma das grandes cidades do Caminho, onde a modernidade se confunde com o medieval. É divertido sentir-se turista após estar convertido em peregrino. É exatamente essa a sensação que você terá diante do Castelo Templário, erguido em 1178, um dos melhores exemplos da arquitetura militar na Espanha, e se converteu na Meca dos amantes dos Templários e de seus ritos de iniciação. Era usado para proteger os peregrinos a caminho de Santiago. Calcule pelo menos uma hora para a visita e as inevitáveis fotos.
Um dos mais belos mirantes do Caminho de Santiago com destaque para a imensa estátua de um peregrino no Alto do Poio como se estivesse marchando e lutando contra os ventos. Uma força a mais para seguir.
Mais à frente, o destaque fica por conta do único lugar no Caminho Francês que o peregrino brasileiro poderá desfrutar de um legítimo sanduíche Baurú preparado pela hospitaleira Ângela, certamente ensinado por algum brasileiro. E tem uma igrejinha bastante simpática.
Na saída de Triacastela, o Caminho faz uma bifurcação. Ambas as rotas rumam a Sarrià, uma via San Xil e outra por Samos. Saindo à esquerda, chega-se até Samos, lar do monastério homônimo. Local com pouquíssimos recursos de infraestrutura, mas a paisagem compensa. Percorreremos 9,1 km de trilhas dentre os bosques. O Monastério de Samos impressionante! É um dos mais antigos da Espanha, sua fundação correu a cargo de San Martin Dumiense no século VI. Há ainda lápides visigóticas do século seguinte. Caso tenha tempo, faça um tour guiado, com direito a visita ao claustro, à Capela Ciprés San Salvador e lindos murais.
Fica a 100 km de Santiago, distância mínima para que alguém possa ser considerado peregrino. Aqui surgem os chamados “turigrinos”. Por conta disso, se concentram as multidões andando ao longo do dia. Merece atenção especial o templo paroquial de Santa Marina, século XII, o convento de La Magdalena, século XIII (românico), fundado por freis italianos, a igreja de San Salvador, um templo românico com somente uma nave e a ermita de San Lázaro que foi um hospital de leprosos entre os séculos XIV ao XVIII. Ainda entre os monumentos há o que sobrou (uma torre) da fortaleza dos marqueses de Sarria.
Atualmente é uma cidade moderna dotada de todos os serviços ao peregrino e o bicigrino. Deve sua fama a qualidade dos queijos que produz (queso Arzua Ulloa). Nesta cidade havia um convento do século XIV, fundação agostiniana, atualmente em ruínas, que serviu de albergue para peregrinos. Está anexo a ermita de La Magdalena. Como curiosidade é em Arzua que se confluem o Caminho Francês com o do Norte. A igreja paroquial está dedicada a Santiago (moderna) conserva no seu interior duas imagens muito interessantes de Santiago, uma como Matamoros e outra como peregrino.
A cidade que dá nome ao caminho é tombada como Patrimônio da Humanidade pela Unesco. Sua catedral foi erguida a partir do século 11 em torno do modesto templo pagão que se acreditava abrigar os restos mortais do apóstolo Tiago. É diante dela, mais precisamente de sua fachada do Obradoiro, que o peregrino se convence de que o caminho valeu a pena. O centro histórico reúne ainda uma série de mosteiros, praças, igrejas, palácios e ruas charmosas.
Simbólica, a cidade de Finisterra exerce um papel essencial no imaginário do peregrino. Teoricamente o último (ou o primeiro) quilômetro do Caminho de Santiago é ali, diante de um singelo marco zero. Fica colado no Farol de Finisterra ou Fisterra, diante de um penhasco às margens do Oceano Atlântico. Este é o ponto mais ocidental da Península Ibérica e, por conta disso, foi chamado de Finisterra, ou “O Fim do Mundo”. Quem chegar até lá caminhando ou não pode passar na junta local, mostrar sua credencial de peregrino e retira a chamada Finisterrana, mais um certificado de peregrinação.